Não deixaremos nenhuma menina para trás
Em seu discurso na Convenção do Rotary International em junho de 2021, Shekhar Mehta pediu aos associados que priorizassem as meninas. “É importante para nós empoderarmos as meninas”, disse ele, que em breve assumiria o cargo de presidente do Rotary para 2021-22, “pois sabemos que, na maioria das vezes, elas estão em desvantagem. Todas as crianças terão prioridade, mas nosso foco será especialmente no bem-estar das meninas.”
Mehta fez da capacitação das meninas uma das suas iniciativas presidenciais, e tal decisão foi oportuna. Segundo o Relatório de 2021 de Desigualdade Econômica de Gênero emitido pelo Fórum Econômico Mundial, as mulheres continuam enfrentando desafios no local de trabalho, adversidades financeiras e baixa participação no cenário político. E a atual pandemia está entre os fatores que prolongarão o tempo que os especialistas estimam que levará para fechar a brecha de gênero de 99,5 para 135,6 anos.
“Especialmente no caso de garotas, a abertura de oportunidades que aprimorem o seu nível educacional, segurança, saúde e bem-estar pode de transformar o seu futuro e o das suas famílias”, disse a diretora do RI Elizabeth Usovicz. “Os associados do Rotary podem fazer a diferença e transformar comunidades mundo afora por meio do empoderamento de meninas.”
Usovicz preside a Força-Tarefa de Empoderamento de Meninas, formada pelo presidente Mehta. E para as suas zonas e regiões, o Rotary designou embaixadores do empoderamento de meninas capazes de fornecer recursos aos clubes e distritos, além de orientação sobre como incorporar o apoio a meninas nos projetos existentes ou lançar as bases para novos projetos.
“A iniciativa para o empoderamento de meninas é uma avenida de voluntariado para clubes e distritos”, observa Usovicz. “A função principal da força-tarefa é criar uma estrutura e recursos para clubes e distritos participarem e promoverem projetos focados na saúde, educação, segurança, bem-estar e avanço econômico de meninas.”
Os membros da força-tarefa mantêm os diretores do RI e os embaixadores do empoderamento de meninas informados, defendem a causa e monitoram o engajamento global em relação à iniciativa, além do impacto dos projetos na área, certificando-se de que os associados do Rotary do mundo todo conheçam e saibam como participar da iniciativa.
Escassez de necessidades é algo que não existe. E o impacto de qualquer projeto, mesmo o mais simples, é significativo quando a força do Rotary é direcionada ao empoderamento de meninas.
Elizabeth Usovicz
Diretora do RI
“Os embaixadores compõem um grupo entusiasmado e comprometido de líderes do Rotary”, informa Usovicz. “Eles desempenham papel fundamental no apoio aos clubes e distritos da sua respectiva região no sentido de aumentar a participação na iniciativa. O grupo dá diretrizes para o desenvolvimento de projetos, motiva as pessoas e conecta associados a recursos e informações que ajudam na implementação de projetos de capacitação de garotas.”
Annemarie Mostert e uma das embaixadoras. Associada do E-Club de Southern Africa D9400, Mostert integra a Cadre de Consultores Técnicos da Fundação Rotária. “A mulher com um certo nível educacional tem maior poder de decisão na administração do lar”, escreveu ela para a edição de agosto da revista regional Rotary Africa-South. “Vamos então incentivar nossas garotas a primar pela inteligência, estudar as disciplinas de ciências e matemática, passar uma imagem positiva e concorrer a funções de liderança. Como pessoas de ação, podemos fazer com que as comunidades quebrem o ciclo da pobreza ajudando as meninas a ter acesso à educação, que conduz à independência econômica, resiliência, sustentabilidade ambiental, acesso a alimentos e um mundo melhor para todos.”
Usovicz acrescentou ser essencial que os clubes divulguem suas ações de empoderamento de meninas nas suas mídias sociais e pelo Rotary Showcase com a tag EmpoweringGirls2021.
“Não deixaremos nenhuma menina para trás”, ressaltou Mostert. “Todo Rotary e Rotaract Club deve implementar ao menos uma atividade de empoderamento de meninas este ano. Para os mais ambiciosos, o ideal é fazer projetos com Subsídio Global voltado à saúde, educação ou independência econômica. Aconselho aos clubes que contem com a expertise de um Grupo Rotary em Ação, compartilhem melhores práticas e colaborem entre si e com a sociedade civil.”
Em relação à iniciativa, os jovens do Rotary estão na vanguarda. “Na adolescência, eu já sabia que queria trabalhar pelo empoderamento de meninas e direitos da mulher”, revela Sofía Brega, do Rotaract Club de Juárez Centro, no México. “Eu queria ser uma ativista.” Depois de trabalhar com a Iniciativa Girl Up da Fundação das Nações Unidas, que almeja desencadear o poder transformador de mulheres jovens para provocar mudanças sociais, Brega fundou o clube Girl Up Fronterizas, em Ciudad Juárez.
Lacuna global de gênero
- Em 2021, o índice global de gênero avaliou 156 países.
- A Islândia é a nação mais justa em igualdade de gênero.
- Os cinco países que tiveram mais progresso desde 2020 no índice geral foram Togo, Emirados Árabes Unidos, Lituânia, Timor-Leste e Sérvia.
- Três novos países foram avaliados pela primeira vez em 2021: Afeganistão (156° colocado no ranking), Guiana (53°) e Níger (138°)
Serão necessários 121,7 anos para fechar a lacuna de gênero na África Subsaariana. Mais da metade dos países da região (20 de 35) registrou progresso no ano passado, embora somente Namíbia e Ruanda tenham fechado pelo menos 80% da lacuna.
“Como uma rotaractiana de 22 anos de idade, faço a minha parte para que haja mais sustentabilidade e mudanças sociais”, afirma Brega. “Existem milhares de rotaractianos, como eu, que querem que o empoderamento de meninas seja assunto da mais alta prioridade.”
“Depois de participar de um workshop de paz positiva organizado pelo Instituto para Economia e Paz, que é parceiro estratégico do Rotary, Brega se tornou ativadora da paz do Rotary e está empregando seus conhecimentos em prol de garotas. “Eu já era uma ativista comprometida com os direitos da mulher, mas foi só depois de participar do workshop que eu percebi que a minha abordagem estava calcada numa perspectiva errada”, admite. “Eu me concentrava na violência e nos conflitos em vez de focar na paz positiva.”
“Assim como o trabalho de construção da paz se intercala com o empoderamento de meninas, os projetos em qualquer área de enfoque do Rotary podem ter efeito positivo no futuro das garotas”, salientou Usovicz. “No tocante à área de enfoque água, saneamento e higiene (WASH)”, continua ela, “um bom exemplo seria fazer um projeto WASH nas escolas para construir sanitários femininos e masculinos, para que as adolescentes não faltem às aulas por saberem que terão privacidade. Um projeto de alfabetização pode incluir bolsas de estudos para meninas carentes. Os clubes podem patrocinar a participação de garotas no RYLA, trabalhar com as escolas para fornecer treinamento profissionalizante ou aulas sobre defesa pessoal e finanças, ou ainda formar parceria com uma organização sem fins lucrativos de assistência a adolescentes do sexo feminino.”
“Escassez de necessidades é algo que não existe”, afirma Usovicz. “E o impacto de qualquer projeto, mesmo o mais simples, é significativo quando a força do Rotary é direcionada ao empoderamento de meninas.”
Relatório de Desigualdade Econômica de Gênero
O relatório, que está na sua 15ª edição, delineia as lacunas com base em gênero, examina as causas dessas lacunas e mostra um panorama das políticas e práticas necessárias para inclusão. Acesse o relatório em wef.ch/gendergap21.
Destaques de 2021:
A lacuna econômica de gênero teve uma ligeira melhoria de 2020 para cá, e estima-se que levarão 267,6 anos para que esta lacuna seja fechada.
As mulheres detêm 26,1% dos cargos parlamentares, e 22,6% das funções ministeriais nos países avaliados. Seguindo a trajetória atual, a lacuna política de gênero só será fechada em 145,5 anos, uma subida significativa comparado aos 94,5 anos apontados na edição de 2020 do relatório.
Outros destaques:
No que se refere à educação, 37 países atingiram paridade de gênero; porém, ainda serão necessários 14,2 anos para fechar esta lacuna completamente por causa da morosidade do progresso.
Na saúde, 96% da lacuna de gênero foi fechada, caracterizando um declínio comparado ao ano passado.
Recursos
Os embaixadores do empoderamento de meninas defendem a capacitação de garotas, servem de recurso para clubes e distritos, coletam e divulgam histórias de sucesso. Saiba mais e veja como participar.
Os Grupos Rotary em Ação orientam quanto a projetos e programas existentes ou que venham a ser lançados. Confira.
A Cadre de Consultores Técnicos da Fundação Rotária dá assistência em iniciativas de empoderamento de meninas e com projetos em outras áreas especiais. Encontre um membro da Cadre.
As redes de recursos distritais reúnem especialistas dispostos a ajudar com o planejamento de projetos, pedidos de subsídios e áreas de enfoque do Rotary, para que os clubes implementem projetos mais eficazes e sustentáveis. Peça ao presidente da Comissão de Serviços Internacionais que o coloque em contato com a rede.
Encontre ideias, divulgue seu projeto e faça conexão com clubes interessados no assunto usando a tag EmpoweringGirls2021 nas suas mídias sociais e no Rotary Showcase.
O vínculo do Rotary com organizações como a Parceria Global para a Educação pode aumentar o impacto do seu clube. Veja como trabalhar com a Parceira Global para a Educação para aumentar o acesso de meninas à educação.
O Rotary International se empenha em desenvolver e cultivar um ambiente seguro para todos os participantes de atividades rotárias, levando muito a sério a proteção dos jovens. Saiba mais.
Artigo publicado originalmente na edição de dezembro de 2021 da revista Rotary.